sexta-feira, 23 de março de 2012

Vou pintar uma tela, com cores imperdoáveis, com tons esquecidos, com sonhos apagados. Mas no meio, uma cor bem forte a distinguir as tonalidades.

quinta-feira, 22 de março de 2012

Não sei porque contínuo à espera do teu olhar, do teu suspirar, do brilho do teu olhar, o teu modo de falar, o jeito do teu andar. Não me mereces, eu não te mereço. Vou mudar de capítulo. Não de página, nessa já eu escrevi “fim”. Mesmo que demore, que leve o tempo que for preciso, mas um dia vou deixar essa página, não vou mais relê-la, não vou mais ter essa imagem, essas palavras, esses gestos, no meu pensamento. Espero que não demore muito. Pois tempo é algo que não tenho. E a espera é perturbadora. Tu vais deixar de existir, como eu deixei de existir pra ti.


terça-feira, 13 de março de 2012

Só quem passa pela mesma linha, se contorna ao seu corpo, percebe. A textura pode ser diferente, o sabor pode ser estranho. Mas a linha será sempre contornada de igual forma.

segunda-feira, 12 de março de 2012

A cortina abre. A plateia levanta-se, batem palmas num ritmo único e constante. A peça começa.

Ouve-se o som do coração, acelerado. Os olhos abrem-se, sente-se o perfume no ar, o primeiro som, a primeira fala, uma gargalhada, um choro. Tudo é perfeito. É a vida a começar. À medida que se caminha, tudo se vai complicado, como um jogo, com níveis, objetivos, e no fim o seu prémio! Encontram-se pedras, umas grandes outras pequenas, umas se contornam outras passam-se por cima, outras, volta-se atrás, pra perguntar o caminho. Esse que ninguém sabe. Apenas nós mesmos. Uns complicam, outros não querem saber. Portas fecham, janelas abrem-se, umas mais perras do que outras. Paragens com tropeços, o cansaço é demasiado. Sento-me. Preciso de ouvir alguém. Que grite por mim. Que me indique caminho, por mais que não o saiba. Só nós mesmos sabemos o caminho. Erramos. Voltamos atrás. Pra perceber onde falhamos. Não encontramos respostas. Não percebo. E agora? Sigo em frente? Mas por onde? Qual é o caminho? Ninguém sabe. Apenas nós mesmo. E Deus. Segundo dizem ter o nosso caminho escrito ainda no ventre da nossa mãe. Sim. Quero acreditar que sim. E no fim terei o meu prémio. 

A cortina fecha. A plateia sem ar de si, permanece, ingerindo todas as palavras que acabara de ouvir. Perguntando-se se terá acabado. Como quem não quer acreditar no que ouviu. No que sentiu. Pensamentos, lembranças. Que invadem a mente. "E se for tarde de mais?"

"A vida é uma peça de teatro que não permite ensaios. Por isso, cante, chore, dance, ria e viva intensamente, antes que a cortina se feche e a peça termine sem aplausos" - Charles Chaplin

A peça acaba.

sábado, 3 de março de 2012

 Divagado à deriva no mar, onde as rosas sem espinhos atracam num cume sem fim. Largos passos de perna curta, ensaiados entre si, dão um passo de cada vez.  Num sol aberto, cujas nuvens tapam  de inveja, paredes entre si. Cujas sem nome se identificam. Por alguém ser ou não ser, um livro aberto sem se ver.